DIFERENÇA SOBRECARREGADA DE SACRIFÍCIO

Sou mulher e nunca me arrependi de ter nascido deste gênero, contudo sou consciente de que este sexo é um peso. Não tão difícil que não se possa carregar, entretanto impõe muitas limitações, intensas obrigações e um fardo de emoções que não são consideradas, capazes de constranger o ser mais insensível.Tudo isso inicia-se na infância. A menina não pode brincar com meninos. Aliás, idéia de certa forma fundamentada, porque os meninos desde pequeninos já conseguem abordar as meninas com desejos que parecem nos surpreender. Resultado: além de não poder brincar com eles, também não podem lhes dar confiança.Quanta diferença há entre gêneros! Por exemplo, analisando o fato de não poder fazer tudo que homem faz. Chegar tarde em casa, sair de casa sem dar satisfação, ser casada e ter um caso com outro homem, sair com a turma e deixar o marido em casa, prticipar de uma excursão sem ele, entrar e beber em um bordéu, andar em uma turma de rapazes tendo apenas ela de mulher. Que ela pode fazer isso, pode. Todavia, será acusada de leviana, prostituta e tudo mais. Acho mesmo que a moral da mulher é de vidro. Qualquer vacilação estilhaça. Faz-se aquele comentário sem fim e de imaculada que exigem que seja, passa a impura.Gostaria mesmo de ver um homem trocando de papel com uma mulher passando por tudo que ela passa para ver se suportaria. Quem sabe compreenderiam como lhes tornam suas escravas e dar-lhes-ia mais valor?Não é só esposa que sofre, não. Mãe, que todos endeusam no mês de maio, também tem lá suas angústias. Não é tão considerada como se pensa. Se assim o fosse, os filhos não a deixariam noites e mais noites em claro a esperar que voltem sãos e a salvo das violências em que se envolvem e das intempéries dos instintos aventureiros. É triste, mas no seu zelo próprio de fêmea para conservar a espécie, passa a vida a esquecer de si para cuidar de tudo e de todos.Por que os homens não zelam nem se preocupam tanto com a família quanto a mulher? Não são dois numa só carne como disse Jesus?O filho é realmente o resultado de dois numa só carne. Todavia, apenas um, quase sempre, deve cuidar e ter até pensamentos e contemplações restritas.Pode também parecer exagero, contudo uma mulher acompanhada nem pode admirar um homem bonito. Faça o teste e verá a compressão do maxilar em sinal de desagrado que ele faz. E com ele como acontece? Pode olhar, desejar, excitar-se e até ter o direito de esquecer que estamos a seu lado. Se por acaso aparecer um novo encontro e a cuja der atenção é traição na certa.Elencar a falta de liberdade da "rainha do lar" é espalhar um rosário de tristezas para quem não se deu ao trabalho de refletir sobre a condição SUB-humana em que esta criatura vive.Gostaria de analisar agora a mulher sogra. Para não se ter sogra é preciso não nascer, pois mesmo que se tenha fecundado em proveta, este óvulo e este espermatozóide tiveram origem de um homem e de uma mulher, que também tiveram mães, logo, sogras. Quanta maldade com as sogras!Como negar-lhe sua vital importância? Motivo de piadas e tratada com extrema discriminação. É. Mais uma vez o peso do gênero a dilacerar seus ombros...E na política? Na minha casa ouço sempre um homem dizer: "Não voto em mulher nunca!” O que me dá uma tremenda revolta. Sei a intenção das palavras. E calada pensa: Se o mundo fosse governado por mulheres a vida seria outra coisa. Ela tem a afetuosidade o zelo que lhe é característico de não corromper. Não faz do secretário seu amante. Não sai para reuniões e deixa-se seduzir por homens que alguém contratou com o intuito de desviar sua atenção do objeto focalizado. Ela por sua vez tem fixa a meta desejada. Não são pernas, braços, peitos e corpo que lhe desviará do idealizado. Deve-se ter realmente muito medo das mulheres se emanciparem, pois com certeza perderão o poder de compra e de subordinação.Gosto de ser mulher. Só não consigo é aceitar o desrespeito e a sujeição que a tem acompanhado ao longo da história, principalmente no Nordeste e disso eu sei contar como nordestina e especificamente SERTANEJA.

PRODUÇÕES DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS